terça-feira, 26 de junho de 2012

Fresta

          A audácia mordaz e adolescente o assolava. O mundo era pequeno, ingênuo e casa. Fugiu com o consentimento dos pais e seu passado foi encontrar. O caminho jamais trilhado era tão familiar quanto seu irmão, mas assim como ele, nao voltaria.
          O sol se levantava, ruidoso ao som dos pássaros que esvoaçavam em busca do desjejum. A vida seguia sua rotineira mudança, sua velha renovação onde nada permanece onde tudo está. Ele, com seu cérebro, tudo podia ver.
          Multiplicado entre os passageiros em cima do latão, faziam-se móveis, parados. A cada segundo de ar que inflava os pulmões, menos respirava. O calor era mórbido, torturador frio e calculista. Cheirava a trabalho o ócio de chegar sem andar.
          Sob a calçada furada, pés descalços à frente o seguiam. Os cabelos emaranhados desembaraçavam à medida que o sujo branco dos olhos honestos roubaram-lhe a alma. Onde na carteira havia moeda, era agora lâmina. Inofensiva como o amor, foi algoz da, no peito, dor.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dentre pétalas, os espinhos!

Como começar a se falar
um monte de insanas baboseiras
que tem talento nato de se camuflar
como amor em inocentes roseiras?

Vive-se o que é ilusão e que
frívolos tolos insitem em ver paixão.
Morre-se a cada vida um pouco
como se nasce todo dia mais.

Pobre homem louco,
que de tanto prantar
seu pranto ficou rouco.

Por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.