sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Burburinho

Sobretudo, onde sobram dúvidas...

Eu sou.
Nós, talvez, quase somos.
Desde a primeira vez, sempre fomos assim.
Pois ainda seríamos não fosse a vida finda ao fim.

Idealistas e materialistas confundiriam-se aqui.
Não há finalidade quando se tem o presente, e o presente não se tem.
É o agora imperfeito, mas mais um passo, é além de ti.
Temor e medo são futuros pois prevejo culpa quando passado.

Ao passar, inerte ou forte, o presente corre para a morte.
Isento de agora, onde o tempo mora, ele inexiste enfim.
Ora, mas é agora, entre passado e futuro, não outro.
Inexiste presente tal como o fim.

Dessa tal forma, nada seria bom, tampouco ruim. Digo assim:
Só existe o que inexiste, tal luz,
no interminável escuro de mim.

Não tendo fundamento que valha ou filosofia que não seja falha,
meu pensamento não se cala.
Para minha apatia faço sala, desejo no fim, o enfim, ou o só.

Permaneço seguramente inseguro.
Perduro ocupando tempo-espaço desperdiçado
enquanto demais problemas humanas se limitam entre o ar e o condicionado.
Muita rinite, azia e hipocrisia.

Eu que só queria ser meu não sei nem mesmo se assim como estou, realmente sou.
De outra forma, não sou.
E os decibéis aumentam proporcionalmente aos imbecis.
Embora somente e apenas haja silêncio em mim, não me desconto.

Não entroso o ecôo, mas escoro esse receptáculo de ocaso.
Sem qualquer forma de escrúpulo, digo que nascer foi meu crepúsculo.
É agora, presente e fim.
Foi passado e é futuro.

Embora tenha transcrito escuro, e nisso haja verdade, sou verso translúcido,
rascunho do ser que idealiza receber este presente em um bilhete assinado de próprio punho.
Desenho desletrado releitura de coisas puras e baseado em um achado.
Coisa que em mim impossível.
Coisa que afim, enfim seja provado.

Por Carlos Fernando Rodrigues