sábado, 23 de março de 2013

Paralisação (para Agenor de Miranda Araújo Neto)


Bagunça ideológica em gavetas racionais
Emoções bestológicas de ditos animais.
Um partido de coração e um amor de dó.
Tem o dom de se confundir na hora do calor.

Quem é tolo de dizer que sua filosofia não é uma ideologia,
Ou seria mais bobo de dizer que ideologia não é paixão?
Cada um deixa seu rastro, se traço, amasso, estilhaço...

Digamos que em nós, animais, políticos excelentes
De natureza temos a natureza racional repelente.
Repelente de razão, na mão, triste repetido repente.

Dotados de razão amamos, por votos, vibramos.
Irracionais controlados, alienados nos encontramos.
Marcamos, no coração o que deveria ser razão.
Vivemos o coração vivo na razão.

Por Carlos Fernando Rodrigues.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Como se vê

Hoje o dia nasceu morno.
Sem ser frio e chuvoso,
nem quente de sol todo.
A neblina até no ar pairou,
mas por aqui não ficou.

O café foi ligeiro, sempre é,
mas nem mesmo foi café.
O pão foi intenso como beijo,
mas nem mesmo era de queijo.

A água correu, parecia um moinho.
Rodava a rotina de cidade feroz,
eu ali passava, sem pressa, caladinho.

O sol decidiu sair, revoltou-se e fez calor.
Um calor para nuvens cinzas de amor.

Se choveu não vi. Em meio a essa vida, preferi dormir.

Por Carlos Fernando Rodrigues

terça-feira, 19 de março de 2013

Canção da adaptação

"Minha terra tem palmeiras..."
Também favelas, ribeirões e matas
à beira de guetos, vielas, escadas e capelas.

Muito mais do que beleza, tem vida, 
algumas caudas presas. Tem céu azul.
Chega a ver-se moda cool. Mal mal,
você encontra um ou outro vagal.

A vida que aqui não pára
em outro ser já se retirara.
O mundo as vezes já passou, 
quem tinha que apenas amar,
talvez alguém já amou.

Acabou.
Já se foi "nossa velha canção...
Rock'n'Roll".

Por Carlos Fernando Rodrigues

terça-feira, 5 de março de 2013

Vive

Meia vida da minha vida,
minha vida ao meio.
Chegar a hora da partida,
é duro, é humano, é feio.

Vinte anos, menos dez, são dez.
Dez sozinho, sem meu amigo.
Nascido do mesmo umbigo,
irmão meu da cabeça aos pés.

Lá de longe, não sei onde você está,
mas sinto ainda sentir você no ar.
Psicológico ou emotivo, é lógico.
Espiritual ou mental, é mais vivo.

Não vejo como morte, palavra carregada.
Vejo como vida, palavra leve, linda.
A vida plena não é apenas física, nossa sorte.
Sua vida marca as nossas, é fantástica ainda.

Vive em mim, vive em tudo, vive em nós.
Cada besteira que foi coragem, cada após,
após você, o mundo não é o mesmo, enfim,
vive minha estrela, meu irmão, guia a mim.

Por Carlos Fernando Rodrigues, pro meu irmão João.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Lazuli

Antes fossem simples olhos raros,
ante mim pudessem ser claros.
Vida que flui, que segue, me cega.
Seu olhar me pega, inquieto, de perto.
Um sorriso completo, completa meu ego.

Seria natural ou seria uma conjunção astral?
Místico muito mais do que físico,
vejo ao fundo, afundo no seu mundo.

Sinto meu corpo falar, dizendo ao seu olhar:
Muito antes de te ver, te ter talvez,
já tive você por, um dia, alguma vez.

Em um infinito de uma temporada, uma ano.
Um não, muitos sim, mas nunca nós.
Atrás do lazuli um universo humano,
uma alma de menina, sem saber do após.

Por Carlos Fernando Rodrigues.