A vida nada mais é do que uma sequencia de imagens inéditas
e sem repetição que por fim sempre gerarão o mesmo sentimento. Diferentemente, a arte é a quantidade e a variação de
sentimentos que podem ser gerados através de uma mesma imagem. Ambas são temporais, mais ou menos que a outra.
Tempo. Seria o sentimento em si ou sua possibilidade de
variação? O que na vida aspira à evolução e por fim é monótono, na arte aspira
a eternidade e é fugaz e passageiro. Talvez seja ele o principal inimigo do artista, que transita
na caótica fronteira onde há vida, fundamental para a arte, e há arte,
indispensável para si. Tudo o que dele frutifica, portanto é o limiar do real,
o máximo de verdades que conseguiremos do mundo, beiradas do infinito.
Ainda assim estamos condicionados ao real. A vida e a arte
não se imitam. Elas se evitam. Cabe a nós conciliar o impossível, pois menos
que isso, é placebo pra se induzir.
Por Carlos Fernando Rodrigues