quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Cangaceiro, a utopia do final (Parte 1)

            A vida não era simples para uma criança nordestina humilde, criada em um berço espinhento, obrigada a trilhar um caminho árduo que muitos adultos formados não resistiriam. A divisão e o cumprimento das tarefas básicas era essencial para a sobrevivência de três irmãos, órfãos de pai e mãe, se manter de forma relativamente estável. Falar que “era” de se admirar é tornar passado aquilo que constrói nosso presente. Mesmo dentro de contextos sociais mais complexos como os atuais, a dignidade e a perseverança desses pequenos guerreiros servem mais do que de exemplo para a sociedade a qual pertencemos.
            Inúmeros testes provocaram o espírito de guerra do jovem cangaceiro, que na sua ingênua pretensão de colocar ele e seus irmãos a par de uma vida melhor, se viu envolvido na causa primordial de sua missão vital. As ações em meio aos trabalhadores sempre tiveram um caráter mais humanista do que propriamente hostil em relação à classe dominante. Carregando consigo a essência de igualdade, liberdade e fraternidade, o jovem técnico via naquelas pessoas trabalhadoras e dedicadas, que se esgueiravam por buracos cavados com as próprias mãos, a necessidade e capacidade humana da convivência em grupo, que em um espectro mais amplo podemos definir por sociedade. Aquela situação realmente era estranha, pois para a convivência em uma sociedade é essencial o equilíbrio entre as partes, proposta por muitos, mas realizada por ninguém.
            Passados os testes, como se fossem episódios qualificadores, veio a interminável batalha contra o desequilíbrio social do Coronel, e após cada conflito, o Cangaceiro se levantava cada vez mais forte e experiente, se livrando da imobilidade do poder que afetava seu adversário, que não mais evoluía. Enfim, o Cangaceiro triunfara sobre o Coronel, agora ele podia praticar sua ideologia de dimensões humanitárias tão grandes quanto o próprio ser humano e que, apesar dos impedimentos, passariam por cima desses e chegariam na forma e na medida necessária  à cada cidadão da nossa cidade, não importando o preço a ser pago pelo sacrifício pessoal do humilde garoto, agora homem, que pensa à frente de seu tempo, mas não deixa para trás a lembrança do passado, sua principal arma motivacional.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

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