segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fico

Quem me dera ser fadado à doce ingenuidade da loucura.
Não ser fardado de racional, puramente emocional, sem cura.
Perdura em meu ser o passado, que agora chega atrasado.
Sem qualquer ternura, meu próprio eu, para sempre me julgará culpado.
Desgraçado, não soube nem ser rechaçado, e fica aí parado.
Retardado, não soube ser amado, e agora está aí, desolado.
Qual inércia é mais cruel do que esta?
Me rouba de mim, me entrega assim, sem ao menos dominar o fim.
O quanto é cruel a vida, a qual já não me interessa.
Uma qualquer coisa que me testa, sem permissão ou razão.
Sem ação, apenas emoção, me defronto com a minha própria destruição.
Agoniza meu espírito, fere a si próprio feridas impróprias.
Já não há resto de mundo. Não há porque ter, que dirá viver.
Morrer em martirização de amor é belo, porém. indolor.
Eu fico. Parado. Encharcado. Abandonado. Derrotado.
Se é para a infelicidade total do coração, diga que eu fico.

Por Carlos Fernando Rodrigues

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