terça-feira, 5 de abril de 2011

Mixirico

       Ônibus é uma coisa complicada, curiosa. Quando menos se espera ele se torna uma coisa muito mais interessante do que parece, e apesar do "ensardinamento" dos coletivo urbanos nos dias atuais, podemos vivenciar momentos tão intrigantes quanto divertidos e peculiares.
       Um dia desses qualquer, numa dessas andanças que a gente faz sem objetivo absolutamente nenhum, apenas pra constar mais uma página vazia na memória, entrei numa lotação da Expresso Novalimense absolutamente vazia, não fosse pelo motorista, o trocador e um senhor. Sentei logo atrás desse senhor, ele tinha a aparência cansada, vestia uma camisa surrada, uma calça mais curta do que deveria, uma botina e carregava um saco de mixiricas.
        Durante alguns bons quinze minutos de viagem, tentei "tirar" um cochilo, quando percebi que os entediados carros "engarrafados" buzinavam mais renitentemente do que o normal. A desistência do sono veio quando comecei a observar mais atentamente aquele senhor que de repente, como um moleque travesso, atirou um bagaço "bem" mastigado de mixiricas em um carro que passava do lado do ônibus. Era absolutamente estranha aquela situação, um velho que se comportava como um menino, travesso e "ruão", e se divertia.
       Alguns bagaços e pontos depois, resolvi descer. Fiquei realmente "encucado", indignado e pensativo com aquela situação. Em dias de globalização, consciência e veneração da longevidade, vê-se no mundo crianças que não querem crescer, e vivem a melhor das idades em plena dignidade moral do ser, e apesar do politicamente incorreto, ainda tem o dom da sua própria diversão.

Por Carlos Fernando Rodrigues

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